Notícias

Crise climática impacta mais crianças e adolescentes, mostra estudo do Unicef

Mar 13, 2023 | Comentários

Exposição à poluição do ar, ondas de calor e moradias em áreas de risco afetam milhões de crianças e é preciso pensar nos direitos ambientais, reforçam professoras da USP


Temos sentido o impacto da crise climática com maior intensidade. Determinadas regiões vêm recebendo grande volume de chuvas, enquanto outras sofrem com períodos de estiagem e oscilações de temperaturas anormais. Esses fenômenos desencadeiam tragédias que possuem um impacto maior sobre crianças e adolescentes, que ainda se encontram em formação fisiológica e psicológica. Os impactos indiretos também são mais  sentidos por esse grupo, já que a degradação ambiental também compromete serviços, políticas e instituições voltadas para suprir as necessidades e direitos ambientais das crianças. 

Foi isso que apontou o relatório ”Crianças, Adolescentes e Mudanças Climáticas no Brasil”, do Unicef (Fundo das Nações Unidas Para a Infância), divulgado no final de 2022. Nele, foi possível observar os níveis de riscos climáticos em crianças e adolescentes no Brasil. Por aqui, o quadro socioeconômico desigual é um dos principais ampliadores do problema, que envolve a exposição à falta de água, enchentes fluviais e costeiras, ondas de calor e poluição do ar ambiente. 

A chamada fase de crescimento das crianças é a mais importante para a formação de tecidos e sistemas do corpo. Esse é o período em que a fisiologia e os sistemas imunológicos ainda não estão completamente desenvolvidos, sendo mais vulneráveis às exposições de fenômenos climáticos e ambientais. Por exemplo, com o processo de desmatamento e o desmantelamento de políticas ambientais, que geram o aumento da poluição do ar pelo aumento da emissão de gases de efeito estufa, crianças e adolescentes ficam mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças respiratórias. 

Atualmente, são quase 24,8 milhões de crianças e adolescentes expostas ao risco de poluição de ar ambiente, quase 13,6 milhões delas expostas a ondas de calor, e 2,1 milhões delas estão em zonas alertas no Brasil, como indica dados dispostos por tabela elaborada pelo The climate Crisis is a Child Rights: Introducing the Children’s Climate Risk Index (“A Crise Climática é uma Crise de Direitos Para Crianças: Apresentação do Índice de Risco Climático Para Crianças”, em tradução livre). 

Impactos indiretos da crise climática

A professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), salienta que a combinação desses fatores às questões de vulnerabilidade socioeconômicas é um agravante, principalmente no que diz respeito aos impactos indiretos dos desastres ambientais: “As crianças sofrem mais por conta dos riscos relacionados à pobreza, porque a moradia é considerada um mediador entre os fatores de risco climáticos”, explica ela. Continentes como África e a América Latina são os que sentem com maior intensidade os efeitos das ações antrópicas sobre o clima e são justamente esses locais que apresentam maiores índices de pobreza infantil. 

Principalmente no que diz respeito aos impactos indiretos dos desastres ambientais, psicológica e educacionalmente, esses fatores de risco apresentam efeitos bastante negativos, à medida que a criança fica exposta ao choque, estresse e incertezas, ocasionando sequelas que podem ou não permanecer na vida adulta. 

Isso ocorre porque, geralmente, escolas e ginásios são destinados a receber refúgio em casos de deslizamentos de terra e enchentes. “Não é só aprendizado que se perde, mas também ocorre o estresse de perder a moradia, incerteza se vão ter uma casa no futuro. E isso causa danos sérios para as crianças e para o futuro delas”, completa Helena Ribeiro. 

Direitos ambientais das crianças

Pensar na proteção de crianças e adolescentes contra os impactos da crise climática não é somente pensar na garantia dos direitos ambientais, como também garantir o direito ao futuro delas. A seguridade dos direitos e a retirada da condição de invisibilidade dentro das políticas ambientais são dois dos primeiros mecanismos para impedir que o grupo sofra com os impactos climáticos. 

A pesquisadora em cidades e mudanças climáticas do Instituto de Estudos Avançados da USP Débora Sotto defende ser importante estudar alternativas dentro do Direito Ambiental que prezem pela garantia dos direitos para a proteção de crianças e adolescentes. Além da garantia de estimular o ativismo climático, com a abertura de instâncias de participação em escolas e em universidades, assim como em serviços e assistência social.

*Conteúdo originalmente publicado no Jornal da USP

Fonte: Portal Porvir - Fernanda Real - Jornal da USP

Compartilhe:

Postagens Recentes

Declaração do Imposto de Renda 2025:...

Abr 24

RFB libera consulta ao lote residual de...

Abr 23

Como declarar IR 2025 após casamento...

Abr 22

Sites falsos de órgãos do governo...

Abr 17

Empresas poderão ser obrigadas a...

Abr 16

Relatório aponta que mulheres...

Abr 14

Declaração de Imóveis na Planta no...

Abr 11

IRPF 2025: declaração pré-preenchida...

Abr 10